O ex-presidente Jair Bolsonaro e Francisco Wanderley, que morreu em ato terrorista. Foto: reprodução |
As explosões na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na noite de quarta-feira (13), levaram uma onda de frustração aos bolsonaristas que articulavam por uma anistia aos terroristas de 8 de janeiro. Desde o início dos julgamentos, 265 seguidores do ex-presidente foram condenados e 476 conseguiram acordos com a Justiça, além de 4 pessoas absolvidas.
A proposta de anistia, defendida por aliados de Jair Bolsonaro (PL), enfrenta agora novos obstáculos, segundo mensagens de deputados bolsonaristas em grupos de WhatsApp, obtidas pela Folha de S.Paulo.
Em um dos grupos, o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) expressou pessimismo com o andamento da anistia. “Agora vão enterrar a anistia. Pqp”, escreveu após compartilhar uma imagem de Francisco Wanderley Luiz, suspeito da explosão e ex-candidato a vereador pelo PL.
O deputado Capitão Alden (PL-BA) acrescentou que “lá se foi qualquer possibilidade de aprovar a anistia” e lamentou o que considera uma possível extensão das investigações sobre fake news. Para Alden, a nova explosão será usada para prolongar as ações do STF contra extremistas.
A polêmica ocorre em um momento delicado, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), reavaliando a tramitação da proposta de anistia. No final de outubro, Lira retirou o projeto da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e anunciou a criação de uma comissão especial para análise, mas ainda não oficializou o colegiado.
Bolsonaro também comentou o caso. Em sua conta no X, antigo Twitter, ele lamentou a morte do suspeito e se posicionou contra “qualquer ato de violência”, atribuindo a explosão a uma possível instabilidade mental de Francisco. Ele sugeriu ainda que o evento pode servir como reflexão sobre o impacto dos discursos radicais.
Moraes alertou que a impunidade só estimulará novos ataques e cobrou uma responsabilização rigorosa contra extremistas. “A impunidade vai gerar mais agressividade”, enfatizou o ministro, lembrando o impacto dos atos de janeiro e classificando o ataque desta semana como o segundo mais grave contra o STF desde então.
O caso:
Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, foi identificado como o responsável pelas explosões. Chaveiro e ex-candidato a vereador pelo PL, ele tentou acessar o prédio do STF na noite de quarta-feira, mas foi impedido pelos seguranças. Em seguida, dirigiu-se à estátua da Justiça, onde detonou os explosivos que carregava, perdendo a própria vida.
Em suas redes sociais, Francisco vinha publicando mensagens com teor religioso e político, e relatos indicam que ele teria planejado ataques adicionais. Em uma das mensagens enviadas a contatos, ele dizia ter escondido bombas em locais associados a figuras políticas, incluindo a casa do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Fonte: DOM