Moraes diz que explosão no STF não é “fato isolado” e rechaça “anistia a criminosos”

 

Alexandre de Moraes em pronunciamento nesta quinta (14)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou, nesta quinta-feira (14), após as explosões causadas por um apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Praça dos Três Poderes, em Brasília, que o ato “não é um fato isolado” e que “não existe a possibilidade de pacificação com anistia a criminosos”.

O pronunciamento foi uma resposta à declaração de Bolsonaro, que falou em “pacificação” no país. A fala, porém, foi interpretada como uma pressão velada sobre as instituições, reforçando a tese de que, se ele não for tornado elegível pelo STF em 2026, novos atentados podem ocorrer.

“O que ocorreu ontem não é um fato isolado do contexto. […] Queira Deus que seja um ato isolado, este ato. Mas o contexto é um contexto que se iniciou lá atrás, quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o Supremo Tribunal Federal, principalmente. Contra a autonomia do Judiciário, contra os ministros do Supremo e as famílias de cada ministro”.

Moraes defendeu que a pacificação nacional é necessária, mas não será feita com anistia (perdão) a quem cometeu crimes, se referindo aos bolsonaristas que invadiram a sede dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro deste ano, em uma tentativa de golpe.

“Ontem é uma demonstração de que só é possível essa necessária pacificação do país com a responsabilização de todos os criminosos. Não existe a possibilidade de pacificação com anistia a criminosos”, declarou Moraes, ao abrir uma aula magna no Conselho Nacional do Ministério Público.

“Nós sabemos, e vocês do Ministério Público sabem, que o criminoso anistiado é o criminoso impune. E a impunidade vai gerar mais agressividade, como gerou ontem. As pessoas acham que podem vir até Brasília, tentar entrar no STF para explodir o STF. Porque foram instigadas por muitas pessoas, lamentavelmente várias com altos cargos na República”, acrescentou.

O ministro: “Isso foi se agigantando e resultou, a partir da tentativa de descrédito das instituições, no 8 de janeiro. E o 8 de janeiro, o que ocorreu, o que vem sendo investigado e denunciado […] O STF já condenou mais de 250 pessoas pelos crimes mais graves.

Bolsonaristas tentam isolar o episódio

Bolsonaro e seus aliados tentam isolar o fato, afirmando que Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado, se trata de um louco suicida. Ele chamou o homem-bomba de “maluco” e afirmou não ter “a menor ideia” sobre quem era o seu apoiador.

O ex-presidente sugeriu que o homem possa ter “deixado algo escrito ou gravado” sobre uma eventual pretensão terrorista. Bolsonaro também reforçou que só se filiou ao partido que lançou Francisco como candidato a vereador, o PL, um ano depois da candidatura de “Tiü França”, como também era conhecido.

Além disso, integrantes do STF e parlamentares bolsonaristas analisam que as explosões fortalecem o ministro Alexandre de Moraes, reforçando o argumento de que a democracia foi, de fato, ameaçada por uma tentativa de golpe, com o ex-presidente Jair Bolsonaro como um dos principais protagonistas.


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