 |
| Candidato autor de parecer que obriga crianças a terem filhos de estupradas e médica que comemorou invasão golpista do 8 de janeiro são eleitos para cargo de conselheiro no CFM Reprodução |
O Conselho Federal de Medicina (CFM) concluiu, nesta quarta-feira, a eleição para o cargo de seus 54 novos conselheiros, entre titulares e suplentes, após uma campanha de parlamentares bolsonaristas (extrema-direita) para emplacar candidatos no pleito da autarquia. Entre os vencedores estão nomes como Raphael Câmara, do Rio de Janeiro, reeleito para o cargo com o mote de “não deixar a esquerda tomar o CFM”, e Rosylane Rocha, que chegou a comemorar nas redes a invasão golpista de bolspnaristas aos três poderes no 8 de janeiro.
Antes da divulgação do resultado da disputa, o presidente do CFM José Hiran da Silva Gallo discursou sobre a união dos médicos em temas tidos como urgentes para a categoria, como a "defesa da medicina". Ou seja médicos para a elite.
Uma das vices de Gallo, Rosylane Rocha, foi a vencedora na disputa no Distrito Federal pela chapa Reunir e Trabalhar, que contou com 50,4% dos votos válidos. Ela comemorou nas redes a iinvasão golpista de bolsonaristas do 8 de janeiro em Brasília. Além disso, ela aparecia com outro candidato vitorioso no pleito Jeancarlo Cavalcante, do Rio Grande do Norte, em uma corrente na qual a Extrema-direita pedia votos em candidatos.
No Rio de Janeiro, Raphael Câmara conseguiu se reeleger para o cargo. Ele é o nome por trás da resolução do CFM que proibiu a assistolia fetal a partir da 22ª semana de gravidez. O novo prazo seria um limite para a realização do aborto em caso de crianças vítimas de estupro. Em maio, o ministro do STF Alexandre de Moraes suspendeu a resolução com o argumento de que ela teria ido além das competências da autarquia.
Outra candidata ligada à extrema-direita, Annelise Meneguesso foi derrotada na Paraíba. Ela já se referiu ao aborto de meninas estupradas e em geral, como “agenda demoníaca” e uma “nova face do marxismo cultural”. Ela teve 30% dos votos válidos contra 69% da chapa vencedora.
Em São Paulo, o candidato vitorioso foi Francisco Cardoso Alves, da chapa Força Médica, com 37,98% dos votos válidos. Apoiado por Nikolas Ferreira (PL-MG), ele já apareceu em lives da Extrema-direita por defender tratamentos sem comprovação científica na pandemia, que levou a milhares de mortes e sequelas.
Durante a disputa, médicos que apoiavam chapas de oposição no estado chegaram a denunciar o envio de mensagens de celular com pedidos de votos para Cardoso, descrito como "único candidato anti-Lula". Outros parlamentares bolsonaristas de Extrema-direita, como Carla Zambelli e Fabiana Barroso, no entanto, preferiram apoiar outro candidato, o médico Armando Lobato. Assim como a candidata Melissa Palmieri, apoiada pela infectologista Luana Araújo, crítica da conduta do governo Bolsonaro durante a pandemia, Lobato foi derrotado no pleito. Palmieri foi a segunda colocada na disputa com 34% dos votos válidos.
Representante de SP no CFM diz que Mais Médicos “é comunismo e morar no c* do mundo”
Francisco Cardoso, representante de São Paulo no Conselho Federal de Medicina (CFM), foi eleito para o cargo num pleito controverso. Por conta de acusações de irregularidades, a eleição acabou sendo investigada pela Polícia Federal.
 |
| O senador bolsonarista Eduardo Girão e o médico Francisco Cardoso, defensor da cloroquina |
Não é a primeira polêmica envolvendo o infectologista paulistano. Em 3 de agosto, em conversa no X, o médico criticou o programa Mais Médicos, acusando a iniciativa de ser “comunismo” e de obrigar os profissionais a “morar no c* do mundo”.
Uma usuária interpelou Cardoso, dizendo que precisa ir até Campinas (SP), se precisa consultar um pneumologista e que muita gente no interior quer estudar medicina e se formar na profissão.
“Em qualquer lugar do mundo, quem mora no interior tem que se deslocar para achar especialistas. Mais Médicos é discurso comunista para vulgarizar a profissão”, disse Cardoso sobre um dos mais importantes e inclusivos programas de saúde do mundo.
 |
| Cardoso, representante do CFM em SP |
“Bloqueei a toupeira que acha que médico tem que morar no c* do mundo onde ela mora e atender de graça”, acrescentou o médico.
Bolsonarista assumido, Cardoso ganhou notoriedade ao defender o uso de cloroquina para tratar a covid-19 durante a CPI da Covid no Senado. Em junho de 2021, ele afirmou que “de todos os remédios testados, o que apresentou o melhor desempenho foi a cloroquina”, contrariando as orientações da OMS.
Fonte: DCM