Cirurgia de alto risco: Gestante e bebê que foram baleados em Imperatriz não correm risco de morte

'Bala poderia ter pegado artéria femoral e causado hemorragia fatal', diz médica que monitora bebê baleado na barriga da mãe. A mãe de 15 anos, grávida de 32 semanas, teve que fazer um parto de emergência após ter sido atingida por uma bala quando estava com o companheiro na porta de casa. O crime aconteceu na noite desse domingo (16).

A bebê de 32 semanas de gestação, que passou por uma cirurgia de alto risco após ser atingida dentro da barriga da mãe, agora está sendo monitorada pela equipe médica da Maternidade de Alto Risco de Imperatriz (MARI), a 629 km de São Luís.

A vítima estava na porta de casa com o companheiro, identificado como Douglas Sousa, de 20 anos, quando foram surpreendidos por dois homens que dispararam diversas vezes contra o casal. Os tiros atingiram a barriga da adolescente, que foi socorrida e levada para a maternidade.

Procedimento cirúrgico

O procedimento para a retirada do projétil foi realizado nessa segunda-feira (18) na Maternidade de Alto Risco de Imperatriz (MARI). O cirurgia durou cerca de 2h.

O bebê está sendo monitorado pela equipe médica da Maternidade de Alto Risco de Imperatriz (MARI), a 629 km de São Luís — Foto: Reprodução

Ao g1, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MA) informou que, após o procedimento cirúrgico, a criança retornou para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, onde está internada. A SES destacou, ainda, que o quadro de saúde da criança é considerado estável.

A cirurgia na bebê foi realizada após a mãe ser submetida a uma cesárea de emergência. O estado de saúde da adolescente também é estável

Para entender um pouco sobre o grau de complexidade da cirurgia, o g1 conversou com exclusividade com Tania Mara Nascimento, médica e coordenadora da UTI Neonatal da Maternidade de Alto Risco de Imperatriz.

“ A cirurgia foi de risco. A localização da bala pelo vasto lateral da coxa esquerda, onde passa estruturas importantes de artérias. Foi uma cirurgia bem complexa, porém foi tranquila, com duração em torno de duas horas. Se a bala tivesse localização mais acima, poderia pegar a artéria femoral, causando uma hemorragia maciça, levando o bebê a óbito’’, afirma a médica.

A bala ficou alojada na parte de dentro da coxa, onde passam estruturas cruciais para o funcionamento do corpo. Caso tivesse atingindo uma área mais acima, próximo a virilha, ocorreria uma hemorragia com alto fluxo e velocidade intensa de perda de sangue, sem controle.

Como o bebê é considerado prematuro, há um risco elevado de desenvolver problemas a longo prazo. Por isso, após a cirurgia o bebê passou a ser acompanhado pela equipe da maternidade.

Ao g1, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MA) informou que, após o procedimento cirúrgico, a criança retornou para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal — Foto: Reprodução/TV Mirante

“Quanto as sequelas da parte ortopédica, isso é um processo que vamos monitorar a longo prazo, após a recuperação do bebê e do pós-operatório imediato. Mas, como não houve lesão de nenhuma estrutura importante, acredito que tenha um bom prognóstico”, disse.

Segundo a coordenadora, a cirurgia foi realizada pelo médico ortopedista Robson Soares, com o apoio de uma equipe composta por: médica pediatra, caso houvesse intercorrências durante o procedimento, um médico anestesista e toda equipe de enfermagem.

Recuperação pós-cirurgia

Ao g1, a médica Tania Mara explicou que como será o processo de recuperação do bebê. Apesar de não ter atingido nenhuma estrutura importante, a criança terá que ser monitorada com exames a longo prazo, devido à prematuridade.

“Quanto as lesões relacionadas a prematuridade de um parto agudo, estão sendo feitos exames a nível de sistema nervoso central, raio-x e ultrassons para que verificar se houve algum comprometimento no desenvolvimento dos órgãos do bebê”.

A médica destacou, ainda, que o quadro de saúde da criança é considerado estável e que os próximos dias serão essenciais para um bom prognóstico do quadro.

“No quadro atual a criança segue bem estável, continua em suporte ventilatório, mas com respirações espontâneas. Está sobre analgesia do procedimento cirúrgico e do uso de medicamentos, porém já está se alimentando. É uma criança que tem um bom peso e tem um bom prognóstico de resposta clinica em relaçao a prematuridade.

O caso

A adolescente de 15 anos foi baleada na noite de domingo (16), na rua 14, no bairro São José, em Imperatriz, na região tocantina.

Segundo a Polícia Militar do Maranhão (PM-MA), a vítima estava na porta de casa com o companheiro, identificado como Douglas Sousa, de 20 anos, quando foram surpreendidos por dois homens que dispararam diversas vezes contra o casal.

A bala ficou alojada na perna do bebê — Foto: Reprodução/Bom Dia

Os tiros atingiram a barriga da adolescente, que foi socorrida e levada para a Maternidade de Alto Risco de Imperatriz, onde passou por uma cesárea de emergência. Exames de imagem mostraram que um dos tiros atingiu a perna esquerda do bebê.

O companheiro da adolescente também foi atingido durante a ação criminosa. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Municipal de Imperatriz, onde passou por cirurgia. Não há informações sobre o estado de saúde dele.

Investigação

Inicialmente, a polícia investigava se o casal teria sido baleado após uma tentativa de assalto. No entanto, segundo informação repassada pela Delegacia Regional de Imperatriz, a possibilidade de roubo foi descartada, e o caso passou a ser investigado como tentativa de homicídio.

De acordo com o Major Leonardo Oliveira, comandante do 3º BPM, testemunhas relataram que o companheiro da adolescente teria envolvimento com facções criminosas — Foto: Reprodução/TV Mirante

Um inquérito foi aberto para investigar o caso. De acordo com o Major Leonardo Oliveira, comandante do 3º BPM, testemunhas relataram que o companheiro da adolescente teria envolvimento com facções criminosas e estaria com dívidas relacionadas à drogas.

"Infelizmente imagens ainda não temos, mas estamos em campo para tentar coletar mais informações para saber sobre a dinâmica. A gente tem algumas informações que essa ocorrência se deu por dívidas de drogas, principalmente em razão do rapaz atendido, ele estava devendo para uma facção", explicou o Major Leonardo Oliveira, comandante do 3º BPM.

O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil. Por enquanto, ninguém foi preso.

Fonte: G1 MA

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