Extrema-direita portuguesa é massacrada nas urnas e elege apenas dois eurodeputados

O Chega, partido português de extrema-direita, foi massacrado nas eleições, falhando a meta de vencer e elegendo apenas dois eurodeputados, António Tânger Corrêa e Tiago Moreira de Sá.

Corrêa considerou que o domingo “não foi um dia bom” para o partido. “Hoje não foi um dia bom para o Chega. Há perder e ganhar, ganhar e perder, estou muito habituado a isso na vida”, afirmou em um hotel em Lisboa depois dos resultados.

António Tânger Corrêa. Foto: reprodução

Ele considerou “uma pena” o partido ter conseguido apenas dois lugares no Parlamento Europeu. “Somos dois, mas somos bons, e vamos para Bruxelas como sempre fizemos na vida: para trabalhar, para representar Portugal, representar os portugueses”. Defendeu ainda que “os únicos que vão fazer uma política europeia são os dois representantes do Chega”.

Extrema-direita cresce, mas partidos de centro seguem no controle do Parlamento Europeu

Neste domingo (9), 27 países finalizaram as eleições de representantes ao Parlamento Europeu. Uma projeção inicial fornecida pela União Europeia indica que os partidos de centro devem se manter no poder, mesmo com o avanço da extrema-direita. Segundo as projeções, a soma dos blocos formados por conservadores, liberais e social-democratas seguirá com a maioria no Parlamento Europeu após a votação para escolher 720 novos eurodeputados.

As projeções do Parlamento Europeu são mostradas no edifício da União Europeia em Bruxelas, Bélgica. Foto: Reuters/Piroschka van de Wouw

Os resultados oficiais ainda não foram divulgados, mas as estimativas indicam uma continuidade do domínio dos Democratas-Cristãos e Socialistas, dois grupos pró-europeus.

O Partido Popular Europeu (PPE, direita) deve continuar como a principal força política, com 181 assentos; os social-democratas alcançariam 135, e os liberais do Renew teriam 82. Juntos, esses blocos formariam uma grande coalizão de 389 cadeiras. No entanto, o avanço da extrema-direita ocorreu às custas dos Verdes, que devem perder cerca de 20 assentos e cair para a sexta posição no parlamento.

Durante décadas, a União Europeia confinou a extrema-direita às margens políticas, mas a forte atuação deste grupo nestas eleições poderá agora torná-lo uma parte importante em questões críticas como migração, segurança e clima. O aumento do custo de vida e o descontentamento dos agricultores foram fatores que impulsionaram o apoio a esses partidos. Além disso, as ações de Israel em Gaza e na Ucrânia também influenciaram as preferências dos eleitores.

Como resposta ao avanço da extrema-direita na França, o presidente Emmanuel Macron anunciou a dissolução do Parlamento Nacional e convocou novas eleições legislativas após uma pesada derrota para o partido liderado por Marine Le Pen.

Na Alemanha, projeções indicam que o apoio aos sociais-democratas de centro-esquerda de Olaf Scholz caiu para 14%, ficando atrás da Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita, que subiu para o segundo lugar.

Enquanto isso, nos países nórdicos, os partidos de esquerda e ecologistas avançaram com força. Na Finlândia, Suécia e Dinamarca, a extrema-direita retrocedeu, de acordo com as projeções.

Já na Bélgica, o maior partido de extrema-direita obteve resultados piores do que o esperado nas eleições nacionais e regionais que coincidiram com as eleições europeias.

Na Espanha, o Partido Popular (PP), de centro-direita, saiu vencedor, conquistando 22 dos 61 assentos atribuídos ao país e desferindo um golpe no governo liderado pelos socialistas do primeiro-ministro Pedro Sánchez.

Em Portugal, a oposição socialista venceu com uma estreita vantagem contra a coalizão governamental de direita moderada. O partido de extrema-direita Chega ficou em terceiro lugar.

Na Itália, o partido de ultradireita da primeira-ministra Giorgia Meloni obteve a maior percentagem de votos, conforme as projeções indicam.

E na Holanda, o Partido Trabalhista social-democrata e a Esquerda Verde conquistaram o maior número de assentos, com oito, um a menos do que no último parlamento.

A eleição para o Parlamento Europeu é a segunda maior votação do mundo, atrás apenas das eleições gerais da Índia. Cada nação elege seus respectivos eurodeputados, com a Alemanha tendo o maior número de cadeiras (96) e Malta e Luxemburgo os menores (seis cada).

Cerca de 450 milhões de pessoas vivem nos países da União Europeia, e em apenas quatro dos 27 países o voto é obrigatório: Bélgica, Bulgária, Luxemburgo e Grécia.

Fonte: DCM 

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